23 setembro 2006

São coisas, senhor...

Os reflexos dos dias vão-nos deixando vincadas marcas mais ou menos eternas, uma espécie de medalhas de mérito por nos rendermos a eles. Um vai e vem de passos, pensamentos - mais ou menos saudáveis, mais ou menos esvoaçantes - e ideias, boas ou más, que a cada girar da Terra nos invade e nos deixa, muitas vezes, de corpo vencido.
São coisas... coisas que nos fazem e que logo a seguir nos desfazem... No fundo, a vida é como uma crinça a brincar com plasticina... molda-nos como quer e bem lhe apetece, e depois, em menos de um "ai", desfaz a obra feita e volta a começar do zero, desta vez com um formato totalmente diferente. E nós, que havemos de fazer? Resistir a tudo isto? Não, claro que não. Afinal, a vida não é menos que as outras crianças, tem direito a brincar, mas claro, com moderação e sem abusar, porque tudo o que é demais...
Sabes, às vezes apetece-me escrever coisas bonitas, mas a minha alma não tem espelhos...

20 julho 2006

Ne me quitte pas

"Ne me quitte pas
Il faut oublierTout peut s`oublier
Qui s`enfuit déjà
Oublier le temps
Des malentendus
Et le temps perduA savoir comment
Oublier ces heures
Qui tuaient parfois
A coups de pourquoi
Le coeur du bonheur
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Moi je t`offrirai
Des perles de pluie
Venues de pays
Où il ne pleut pas
Je creuserai la terre
Jusqu`après ma mort
Pour couvrir ton corps
D`or et de lumière
Je ferai un domaine
Où l`amour sera roi
Où l`amour sera loi
Où tu seras reine
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je t`inventerai
Des mots insensé
Que tu comprendras
Je te parlerai
De ces amants-là
Qui ont vu deux fois
Leur coeur s`embraser
Je te raconterai
L`histoire de ce roi
Mort de n`avoir pas
Pu te rencontrer
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

On a vu souvent
Rejaillir le feu
D`un ancien volcan
Qu`on croyait trop vieux
Il est parait-ilDes terres brûlées
Donnant plus de blé
Qu`un meilleur avril
Et quand vient le soir
Pour qu`un ciel flamboie
Le rouge et le noir
Ne s`épousent-ils pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas

Ne me quitte pas
Je ne vais plus pleurer
Je ne vais plus parler
Je me cacherai là
A te regarder
Danser et sourire
Et t`écoutre
Chanter et puis rire
Laisse-moi devenir
L`ombre de ta main
L`ombre de ton chien

Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas
Ne me quitte pas ."

02 julho 2006

A soalheira

Há momentos que deixam saudades... ainda me lembro (também não foi assim há tanto tempo) das vezes em que eu e o Paulo dávamos largas à espontaneidade e escrevíamos as nossas letras... há tanto tempo que não temos um momento desses...
Agora que o Verão está aí, apetece-me recordar esta...

O céu azul e o sol a brilhar,
Sem nenhuma nuvem que me possa incomodar;
Uma briza no ar, as pessoas a passar,
Uma gaivota sobre a rocha e o recuar da maré.

Uma bebida a acompanhar o belo quadro de Verão,
Queria ficar sempre assim, com o mar ao pé de mim...

O fim de tarde a acabar
Na esplanada à beira-mar...

(escrita numa bela tarde de Verão, na esplanada da Leal da Cãmara... lembras-te?)

25 abril 2006

LIBERDADE

Há 32 anos, no dia anterior "´àquela clara madrugada", vivia-se, por cá, de uma forma sufocante... eram homens e mulheres privados de quase tudo, jovens com perspectivas de um futuro comprometido, crianças ainda inocentes, sem sequer imaginar o que se passava à sua volta...
Mas felizmente, sempre houve Homens de coragem, Homens com sonhos para realizar, sem nada a perder e com quase tudo para ganhar e para dar. Foram eles a voz e a força de quem não a tinha, a vontade de vencer e derrubar um regime asfixiante.
Hoje, 32 anos depois do "primeiro dia do resto da nossa vida", esta data, para muitos, não passa apenas de mais um feriado, um dia dedicado à inércia, principalmente para aqueles que não viveram o momento e os anos anteriores. Para outros, é um dia recordado com alegria, de uma maneira muito especial, principalmente para todos os que foram vítimas às mãos pulhas que durante décadas fizeram questão de tapar a boca de um povo. Uma coisa é certa: nos dias de hoje, melhor ou pior, somos livres, temos paz, vivemos muito, mas muito melhor do que anteriormente se vivia; e o que fazemos? Esquecemo-nos de tudo isto, passamos a vida a queixar-nos de tudo e de todos, deixamo-nos ficar no nosso cantinho, com medo de avançar e dar a cara à luta... os heróis daquele dia, pouco a pouco, vão-se afundando na escuridão da memória...
Liberdade, democracia... mais ou menos afectadas, mais ou menos distorcidas, são pedras preciosas que se devem guardar a sete chaves. Devemo-las a um conjunto de homens que, sob a identidade de MFA, nos ofereceram asas e nos abriram a porta da gaiola... uma vez do lado de fora, não há que parar. Vamos!

18 abril 2006

A TVI NÃO PRESTA

Morreu, no passado Domigo, dia 16 de Abril de 2006, o jovem actor Francisco Adam, que incluía o elenco da série "Morangos com Açúcar" da TVI. É claro que é sempre um acontecimento a lamentar, principalmente por se tratar de um jovem de 22 anos, mas mais uma vez a estação de José Eduardo Moniz fez questão de mostrar a sua falta de bom senso e de ética profissional, transmitindo, durante grande parte da tarde de 3ª feira, dia 18, o funeral do referido actor.
Já não me lembrava de tal cobertura de um funeral desde a morte de Amália Rodrigues, uma das maiores figuras de sempre deste "cantinho á beira-mar plantado"; e daí para cá, infelizmente, já nos deixaram algumas figuras que marcaram a nossa história nos últimos anos: estou-me a lembrar de Henrique Mendes, Fealho Gouveia, Canto e Castro e outros "nomes sonantes" na praça pública.
Considero, pois, que a TVI, mais uma vez, agiu VERGONHOSAMENTE ao realizar a referida transmissão, numa clara exploração da sensibilidade humana, com vista a segurar (ou aumentar) a sua "querida audiência", contribuindo, ao mesmo tempo, para o desgaste psicológico da família de Francisco, que vê assim exposto para todo o país o triste momento atravessam.
Haveria, certamente, outras maneiras de prestar homenagem a este jovem actor, de uma forma mais discreta e, com certeza, mais honrosa, com menos espalhafate do que aquilo que se verificou.
Por esta razão, digo, com todas as letras, sem medo de o dizer: A TVI NÃO PRESTA.

25 março 2006

Hoje escrevi-te uma carta

Hoje escrevi-te uma carta,
Falava da solidão;
Pintei-a com cores de esperança,
Fechei-a na palma da mão.

Hoje escrevi-te uma carta,
Falei-te do meu caminho;
Forrei-a com as pedras das ruas
Que fui percorrendo sozinho.

Hoje escrevi-te uma carta,
Mensagem real dos meus sonhos;
Pus lá dentro a ilusão,
Lágrimas correram por ti...
A dor de não te ter aqui,
A mágoa, o luar e o chão.

Hoje escrevi-te uma carta,
Quantas palavras serão...
Mandei-te num envelope,
Guardei-a no coração.

14 março 2006

Há ilusões que se perdem

Há ilusões que se perdem, quando o passar dos dias nos vai dando sinais disso mesmo; de repente, o óbvio torna-se utópico e a cabeça já não sabe mais para onde se virar... entretanto, o coração vai acompanhando este ritmo entardecido e as certezas vão-se transformando em interrogações como uma profundidade tal que se vai tornando cada vez mais difícil sair de lá do fundo e surgir à superfície!
Em dadas alturas, vinda de algum lugar, surge-nos uma luz que traz com ela uma amostra de esperança, daquelas que por vezes nos são gentilmente oferecidas na rua... e por vezes essa amostra é bem capaz de nos alimentar por vários dias, mas depois, quando acaba, lá voltamos nós para o mesmo buraco de sempre...

Hoje perdi uma ilusão, algures entre o ponto de partida e o ponto de chegada e de retorno... se alguém a encontrar, é favor contactar-me o mais breve possível, ou então, deixá-la estar onde ficou...

06 março 2006

Eu penso, logo...

Pensem comigo:

Costuma dizer-se que o tempo voa... ora, as aves voam. Se o tempo voa, o tempo é uma ave!...
Ora, se as aves andam com gripe... QUEREM LÁ VER QUE O TEMPO ESTÁ CONTAMINADO??? Será por isso que muitas vezes estamos deprimidos e "psicologicamente doentes"?...

Há que ter cuidado...

26 fevereiro 2006

Vírus vírus vírus...

São tantos os estranhos bichinhos que por aí andam a esmifrar o juízo a muito boa (e outra muito má) gente... ora afectam as pobres das aves, ora atacam nos meses de Inverno, ora vão passando pelos caminhos electrónicos por esse mundo fora. São sempre maus e perigosos, sempre prontos a atacar, sem dar hipótese a ninguém!
Mas há uma coisa que ainda ninguém parece ter descoberto, com tanta mente brilhante que há por aí... nem os grandes cientistas conseguiram lá chegar... é que há um vírus que precisa urgentemente de ser propagado, e desta vez não deve ser combatido nem previnido; é um vírus que faria bem a todos e que cada um podia ajudar a propagar... aliás, felizmente, já há pessoas contaminadas! Falo do vírus AAA: Amor, Amizade e Alegria de viver: Ele dá-nos força para lutar contra tudo o que é mau e coragem para continuar a acreditar que o mundo é possível...
Como diz o poeta, "é urgente o amor", por isso, há infectar toda a gente com este vírus, porque afinal, há coisas que se propagam muito facilmente... hoje um, amanhã dois, no dia seguinte já são quatro e... o céu é o limite!

23 fevereiro 2006

Não me sai nada!...

Ele há dias em que não sai nem uma palavra, nem sequer um esboço... as correntes do pensamento não se soltam! Mas também há aqueles que têm correntes na cabeça, mas de outro tipo; as chamadas correntes de ar... grita-se-lhes ao ouvido e ouve-se o nosso eco lá por dentro!
E eu que queria chegar aqui e fazer um texto todo bonito, quem sabe um poema!... e nada! Mas também se costuma dizer que "quem feio ama, bonito lhe parece"; ora, se eu amar o que escrevo, por mais feio que seja, vai-me parecer bonito! Bem visto, é isso mesmo!
E pronto, enquanto não me sair nenhuma obra-prima, fico assim, a amar...

15 fevereiro 2006

No fundo, é o espelho de muitos...

Parece que, um destes dias, apareceu para aí um desenho qualquer que levantou os cabelos (ou os turbantes) a muito boa (?) gente; nesse dito desenho, um simpático senhor surge com um OPI (Objecto Perfeitamente Identificado) na cabeça, mais conhecido - nos meios bélicos - como bomba, uma daquelas coisas que milhões de crianças aprendem a fazer desde tenríssima idade, como se fosse um boneco de plasticina ou uma afável corrida de carrinhos...
Tem piada... agora que penso melhor sobre isto, quer-me parecer que muitos (mas mesmo muitos) dos que protestam contra esta "explosiva" figura serão nada menos do que... os pais de algumas dessas crianças... e que curiosamente dizem-se fiéis ao tal senhor do desenho! Curioso... consta até que os protestos têm sido bastante violentos, chegando-se mesmo (imagine-se...) a tirar vidas a inocentes!... quem diria, perante tão viemente descontentamento e revolta...
Começo a chegar à conclusão que a dita caricatura ganha cada vez mais força, à medida que as notícias de mortes, sequestros, atentados, ataques e contra-ataques vão chegando vertiginosamente do outro lado do mundo, lá, onde a esperança já quase não existe...
Religiosidade? Líder espiritual? Livro sagrado? RESPEITO? Sinceramente, não me parece... é claro que não pode pagar o justo pelo pecador, mas ainda há muito fanatismo por aí...

12 fevereiro 2006

Olha, lá vem mais um...

Uns vão, outros vêm, e tornam a ir e outros a vir; e não saímos disto!... há uns que chegam pela primeira vez, outros que já correram milhares de quilómetros de fio... uns vêm alegres, outros desesperados, outros ainda, bastante perigosos. Depois, bem, depois há alguns que não querem parar de circular! Estes são os mais ridículos, pelo menos na grande maioria; é claro que alguns são importantes e interessantes, devendo por isso seguir viagem.
Mas afinal de contas... quem são eles???

(Ah, é verdade, se não enviarem esta mensagem para 300 pessoas nos próximos 10 minutos, vai-vos cair o cabelo todo; mas se enviarem, vão ganhar o próximo jackpot do Euro Milhões, mesmo sem jogar!)

09 fevereiro 2006

Não sei que título lhe dar...

Passam as horas, chega a noite, depois a manhã, e passado algum tempo, chega novamente a noite... e não se passa disto... Os dias nem sequer esperam por nós... e nós vêmo-los passar mesmo à frente do nosso nariz... Uns correm para o autocarro, outros estão sentados em frente a uma qualquer secretária (daquelas de madeira), e outros nem disso precisam, porque "a montanha vem a Maomé"... Há outros ainda que procuram na sua arte uma fonte de inspiração e deixam-se levar pelos novos caminhos que descobrem; uns iluminados, é o que eles são...
E eu? Que faço eu entre "a noite e o anoitecer"? Vai dependendo dos dias... até posso dizer que tem dias em que faço um pouco daquilo que já disse, mas também tem outros em que não faço nada disto... é conforme a maré... às vezes até chego a pensar que tenho uma maré na cabeça! Que disparate...
E cá vou eu seguindo, entre um suspiro e um riso, entre o desespero e a alegria momentânea, entre... um pensamento corrente e outro (pensamento)...

08 fevereiro 2006

Por outras palavras...

"Ninguém disse que os dias eram nossos, ninguém prometeu nada;
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre mais uma madrugada.
Ninguém disse que o riso nos pertence, ninguém prometeu nada;
Fui eu que julguei que podia arrancar sempre mais uma gargalhada...

E deixar-me devorar pelos sentidos, e rasgar-me do mais fundo que há em mim;
Emaranhar-me no mundo e morrer por ser preciso, nunca por chegar ao fim..."

Mafalda Veiga

Não queiras saber de mim

"Não queiras saber de mim, esta noite não estou cá;
Quanto a tristeza bate, pior do que eu não há...
Fico fora de combate, como se chegasse ao fim;
Fico abaixo do tapete, afundado num serrim.

Não queiras saber de mim, porque eu estou que não me entendo,
Dança tu que eu fico assim,
Hoje não me recomendo.

(...)

Amanhã eu sei, já passa, mas agora estou assim,
Hoje perdi toda a graça, não queiras saber de mim..."

Carlos Tê/Rui Veloso