13 maio 2010

Cuidado com os exageros

O Papa visitou Portugal. Só por si, este deve ser um motivo de orgulho para cada um de nós, os que habitamos e todos os dias construímos este país da Europa ocidental. A mais alta figura da Igreja Católica passou por Lisboa, Fátima e Porto, arrastando consigo centenas de milhar de pessoas: crentes, admiradores, seguidores e simples curiosos.

Tudo muito bem, a não ser o pequeno grão de areia que, mais uma vez, veio perturbar a engrenagem de uma nação que sempre quis mostrar ao mundo uma força que não tem, e quase sempre se deu mal com isso. Cadeiras construídas de propósito, microfones de ouro, um palco no valor de 200 mil euros... tudo somado, cada família portuguesa doou em média 500 euros para que a visita de sua santidade, o Papa Bento XVI, estivesse rodeada de todos os luxos possíveis, alguns deles completamente supérfluos e contornáveis.

Depois temos a outra face, a face de muito boa gente indignada com o corte das ruas, a retirada dos caixotes do lixo, a segurança apertada e até, imagine-se, com a tolerância de ponto concedida pelo governo português aos trabalhadores da função pública. Muita desta gente revestiu-se de falsos moralismos, sendo a mesma gente que aplaude os milhões (muitos deles) gastos em vão com a organização de um europeu de futebol, uma corrida de aviões ou até mesmo a convocação de uma greve encostada ao fim-de-semana, já para não falar da constante abertura de novos centros comerciais, que brotam da terra como cogumelos. Há ainda quem diga coisas como: "tanta coisa por causa do Papa?! Ele é uma pessoa igual às outras!"

Aviso à nação portuguesa: para um lado e para o outro, para o bem e para o mal... cuidado com os exageros.

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