12 março 2010

Falta de educação

Mais uma vez, foi precisa uma vítima para muita gente acordar. Desde que o Leandro resolveu pôr fim à vida que praticamente não se fala de outra coisa: bullyng para aqui, bullying para ali, como se o fenómeno só agora começasse.

E quanta hipocrisia, quanta falta de carácter. A escola Luciano Cordeiro, que durante sabe-se lá quanto tempo esteve cega, surda e muda perante o sofrimento diário, físico e psicológico, de um dos seus alunos, foi a mesma escola que, uma semana depois da tragédia, chorou lágrimas de crocodilo pela perda do Leandro. Depois, lá vem a história dos números e dos registos: "não há registos de queixa", argumentam alguns dos supostos responsáveis por aquele estabelecimento de educação - sim, de EDUCAÇÃO. E o resto... é silêncio. Ninguém fala, ninguém dá explicações, abrem-se inquéritos, vai-se atirando areia para os olhos, o tempo vai correndo, até que tudo caia no esquecimento e as coisas voltem ao anormal.

Mas quantos Leandros há ainda por conhecer? Quantas vidas mais vão ser precisas para pôr na ordem (leia-se educar verdadeiramente) um conjunto de pseudo-futuros homens mal formados, que só se sentem bem a pisar quem lhes aparece à frente? Onde está a verdadeira e digna autoridade do Professor? E a competência dos conselhos executivos, onde está? E o respeito pelos outros?

A nenhuma destas perguntas soube responder o professor que, nos últimos dias, se atirou ao rio Tejo e pôs fim, da maneira mais fácil, a horas e horas de desrespeito por parte dos seus próprios alunos, aqueles a quem tentou dar alguma educação.

Perante isto, será que tudo vai continuar na mesma? É muito provável. Mas sinceramente, muito sinceramente, esperemos que não.

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